PF faz buscas em gabinete de senador líder do Governo que é contra pacote anticrime

Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) é contra pontos do pacote anticrime de Moro
FOLHA - O advogado André Callegari, que defende o líder do governo Jair Bolsonaro (PSL) no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), alegou que o parlamentar foi alvo de operação da Polícia Federal na manhã da última quinta-feira, 19, por sua atuação política combativa em relação a alguns pontos do pacote anticorrupção, encabeçado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro. 
“O senador tem apregoado uma posição de respeito às garantias de direitos fundamentais e parece que isso tem descontentado alguns setores”, disse Callegari.
Ele lembrou declaração recente de seu cliente, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em que diz, ao comentar uma possível troca no ministério, que Moro pode ser esquecido em 60 dias.
“É uma conjunção de fatores. Essa declaração pode ter contribuído para a retaliação política”, afirmou.
O advogado declarou que a Polícia Federal fez um espetáculo e lembrou que a Procuradoria-Geral da República foi contra a ação autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso.
“Isso nos chama atenção porque o titular da ação penal é o Ministério Público. Se ele não tem interesse naquela prova, o que nos deixa estarrecidom é um ministro do Supremo, de ofício, contrariar essa posição”, disse.
Callegari ressaltou que todos os dados que embasaram a ação foram produzidos exclusivamente por delatores. “Só com base nisso é temerário."
O defensor afirmou que Fernando Bezerra Coelho nega todos os fatos e não têm ciência do que foi produzido.
“Todo esse espetáculo foi feito sem que a defesa tenha ciência daquilo foi produzido. Não tivemos acesso às informações.”
Por meio de nota, a diretoria do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) manifestou preocupação com a operação de busca e apreensão realizada na manhã desta quinta no Congresso Nacional.
O documento diz que a Polícia Federal realizou operação à revelia das Casas legislativas e baseada em fatos extemporâneos.
Para o conselho, medidas de tal gravidade mereceriam no mínimo o requerimento expresso do titular da ação penal, o Ministério Público.
“No entanto, na ocasião de oitiva da Procuradoria-Geral da República, esta se manifestou contrária à medida deflagrada ontem por entender que ali não estavam presentes os requisitos legais que a autorizassem.”
Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, Barroso afirmou que a decisão de autorizar a operação no gabinete do líder do governo no Senado "foi puramente técnica e republicana, baseada em relevante quantidade de indícios da prática de delitos".
"Só faço o que é certo, justo e legítimo", disse o ministro do STF. Ele ressaltou ainda que "a investigação de fatos criminosos pela Polícia Federal e a supervisão de inquéritos policiais pelo Supremo não constituem quebra ao princípio da separação de Poderes, mas puro cumprimento da Constituição".
A Polícia Federal aponta que Fernando Bezerra Coelho recebeu R$ 5,5 em propinas de empreiteiras encarregadas das obras de transposição do Rio São Francisco, no sertão nordestino. 
Fernando Bezerra Coelho (Foto: Pedro Bezerra/Folhapress)
PF faz busca na liderança do Congresso Nacoional

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