A declaração aconteceu na última segunda-feira, 9, pela
chefe do programa de emergências da entidade, Maria Van Kerkhove
A chefe do programa de emergências da Organização Mundial de
Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, afirmou nesta segunda-feira, 8, que a
transmissão da Covid-19 por pacientes sem sintomas da doença parece ser
"rara". Entretanto, ela ressaltou que há diferença entre
assintomáticos e pré-sintomáticos, que são as pessoas que vão desenvolver algum
sintoma da doença.
Maria van Kerkhove fez a declaração durante pronunciamento
no qual argumentava que a contenção da transmissão da Covid-19 pode ser mais
rápida com a localização e o isolamento dos casos sintomáticos.
A explicação de Maria durante entrevista no começo da tarde
foi alvo de críticas e dúvidas. Horas depois, em seu perfil no Twitter, ela
reforçou que há diferença entre pacientes assintomáticos e pré-sintomáticos.
Além disso ela recomendou a consulta ao guia da OMS publicado na sexta-feira, 5,
que trata do uso de máscaras para a proteção.
No documento, a entidade diz que "estudos mais
abrangentes sobre a transmissão de indivíduos assintomáticos são difíceis de
conduzir", mas cita um trabalho como exemplo. A pesquisa aponta que, entre
63 indivíduos assintomáticos estudados na China, havia evidências de que 9
(14%) infectaram outra pessoa.
No mesmo documento, a OMS alerta: "Os dados disponíveis
até o momento, que tratam de casos de infecção em pessoas sem sintomas são
decorrentes de um número limitado de estudos com pequenas amostras que estão
sujeitas a revisões e não podem dizer se eles carregam a transmissão."
Entre os pesquisadores, a declaração foi criticada por ter
soado ambígua. Entre os críticos que ajudaram a esclarecer o pronunciamento
esteve o diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Harvard,
Ashish K. Jha.
O pesquisador de Harvard argumentou no Twitter que
infectados que não apresentam sintomas são uma forma importante para a
transmissão da Covid-19. E explicou que apenas 20% dos infectados não
desenvolverão nenhum sintoma. Os outros 80% poderão desenvolver sintomas leves
ou mais duros da doença.
"Muitos deles já espalham o vírus antes de desenvolver
sintomas", disse Jha. "Eles são, tecnicamente, pré-sintomáticos e não
assintomáticos."
Ele ponderou que a OMS diferencia os dois casos e ressaltou
que há mais casos de indivíduos pré-sintomáticos que assintomáticos.
Rastreamento abrangente
Ao analisar o tema, Maria citava países com grande
capacidade de testagem e rastreio. "Temos alguns relatos de países que
estão fazendo rastreio de contatos muito detalhados, estão seguindo casos
assintomáticos, seguindo contatos e não estão encontrando transmissões
secundárias. É muito raro", disse van Kerkhove.
Em alguns casos, pontuou van Kerkhove, quando uma segunda
análise dos supostos casos assintomáticas é feita, descobre-se que os pacientes
tiveram, na verdade, leves sintomas da infecção.
"Estamos constantemente olhando para esses dados e
tentando obter mais informações para de fato responder a essa pergunta, [mas]
ainda parece ser raro que um indivíduo assintomático transmita a doença",
completou van Kerkhove.
A especialista pediu que os países se concentrassem naqueles
que têm os sinais da infecção para tentar fazer o controle do vírus.
"Se de fato acompanhássemos todos os casos
sintomáticos, isolássemos esses casos, rastreássemos os contatos e colocássemos
esses contatos em quarentena, haveria uma drástica redução na transmissão. Se
pudéssemos nos focar nisso, iríamos nos sair muito bem em termos de suprimir a
transmissão”.
Informações Via G1