Butantan desmente Doria e admite uso de tecnologia americana na ButanVac


Doria falou em vacina 100% brasileira, mas a criação é do hospital Mount Sinai

O Instituto Butantan admitiu que utilizou tecnologia norte-americana para obter o vetor viral da ButanVac. A vacina contra a covid-19 foi anunciada como “100% brasileira” horas antes pelo governador João Doria (PSDB-SP) na última sexta-feira, 26.

Doria declarou, em entrevista coletiva nesta manhã, que o imunizante “é a 1ª vacina 100% nacional, integralmente desenvolvida e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan”. Horas depois, o jornal A Folha de S. Paulo divulgou reportagem contestando a informação.

A ButanVac usa como vetor a variante da doença de Newcastle. A tecnologia para produzir vacinas com esse vírus específico é do Instituto Mount Sinai, dos Estados Unidos. O fato foi omitido na coletiva de imprensa do Butantan e do governo de São Paulo.

Só depois da publicação da notícia da Folha, o Butantan admitiu ter “parceria e a licença de uso e exploração de parte da tecnologia que foi desenvolvida pela Icahn School of Medicine do Hospital Mount Sinai de Nova Iorque, para obter o vírus”.

O instituto argumenta: “não se tem uma vacina apenas com essa tecnologia de obtenção do vírus”. Afirma que há outras etapas no desenvolvimento do imunizante e volta a dizer que “a ButanVac é brasileira”.

Leia a nota na íntegra:

“O Instituto Butantan esclarece que a produção da ButanVac, primeira vacina brasileira contra o novo coronavírus, será 100% nacional, conforme anunciado na manhã desta sexta-feira, 26/3, em coletiva de imprensa.

Para isso, firmou parceria e tem a licença de uso e exploração de parte da tecnologia, que foi desenvolvida pela Icahn School of Medicine do Hospital Mount Sinai de Nova Iorque, para obter o vírus. O uso dessa tecnologia é livre do pagamento de royalties (royalty free) e pode ser feito por qualquer instituição de pesquisa em qualquer parte do mundo. Isso foi adotado para essa tecnologia com o objetivo de acelerar o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus.

Contudo, não se tem uma vacina apenas com essa tecnologia de obtenção do vírus. Nesse ponto começa o desenvolvimento da vacina completamente com tecnologia do Butantan. Entre as etapas feitas totalmente por técnicas desenvolvidas pelo instituto paulista, estão a multiplicação do vírus, condições de cultivo, ingredientes, adaptação aos ovos, conservação, purificação, inativação do vírus, escalonamento de doses, estudos clínicos e regulatórios, além do registro.

É importante ressaltar que a ButanVac é e será desenvolvida integralmente no país, e o consórcio internacional tem um papel importantíssimo na concepção da tecnologia e no suporte técnico para o desenvolvimento do imunobiológico, algo imprescindível para uma vacina segura e eficaz.

No Brasil, o desenvolvedor da vacina é o Instituto Butantan. A vacina, portanto, é brasileira e dos brasileiros. A matéria publicada pela Folha de S. Paulo traz um comunicado não oficial de um pesquisador da instituição norte-americana. A instituição não autorizou a divulgação de seu nome em comunicados oficiais do Butantan sobre a nova vacina.

Comunicados conjuntos serão feitos pelos integrantes do consórcio no momento oportuno, incluindo a instituição citada pela Folha.

A vacina é o consórcio. A ButanVac é brasileira.”

O QUE DIZ O MOUNT SINAI

À Folha, Peter Palese, declarou que há “um acordo com o Instituto Butantan para entrar em testes clínicos no Brasil”. Ele também afirmou que o Sinai conduziu os ensaios pré-clínicos, ou seja, os testes em animais.

O instituto norte-americano também iniciou os testes em humanos: “Realizamos com sucesso experimentos com nossa vacina baseada no vírus da doença de Newcastle [NVD, um tipo de gripe aviária]. Enquanto isso, iniciamos testes de fase 1 no Vietnã e na Tailândia com a nossa nova geração (melhorada) de vacina de covid. Estamos conduzindo um teste de fase 1 aqui no Mount Sinai”, afirmou Palese em email.

A geração ”melhorada” consiste em uma versão da vacina que usa partes do vírus da doença de Newcastle, e não o vírus inteiro.

Palese acrescenta que o Mount Sinai desenvolve “vacinas para variantes da covid-19 baseadas nas versões sul-africana e brasileira para o Instituto Butantan.”

A vacina contra covid-19 a partir da doença de Newcastle foi alvo de estudo publicado em dezembro de 2020 por pesquisadores do Mount Sinai.


Informações Via Poder 360

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