Os líderes do União Brasil, partido com a terceira maior representação na Câmara dos Deputados, reafirmaram no decorrer do final de semana a importância da separação do governo Lula, após o constrangimento provocado pelo ex-presidente a um prefeito filiado ao partido na Bahia. Na última sexta-feira, Lula reprochou publicamente a ausência desse prefeito na cerimônia de inauguração do Hospital Estadual Costa das Baleias e na visita ao campus Paulo Freire da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), rotulando a falta como "falta de consideração".
A declaração de Lula foi mal vista pelos membros do partido, que interpretaram o ato como uma cobrança de lealdade por parte de todos os filiados. Atualmente, o União Brasil controla três ministérios no governo Lula: o Ministério do Turismo, liderado por Celso Sabino; o Ministério das Comunicações, com Juscelino Filho; e a Pasta da Integração Regional, com Waldez Góes, indicado pelo ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP).
Em relação às eleições municipais de 2024, o partido adotará uma postura de oposição ao governo Lula em nove das dez principais capitais do Brasil, incluindo São Paulo, onde terá como candidato próprio o deputado federal Kim Kataguiri. Para 2026, a legenda planeja lançar a candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, em uma estratégia vista por alguns membros como fundamental para a próxima disputa presidencial.
A possibilidade de manter o apoio ao governo Lula tem suscitado preocupações entre alguns integrantes do partido, que temem que isso possa prejudicar a viabilidade da pré-candidatura de Caiado. Na segunda-feira, o vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, criticou publicamente o governo Lula em uma entrevista ao jornal Correio da Bahia, sinalizando, segundo dirigentes partidários, um claro indício para outros membros sobre uma possível ruptura futura.