Um estudo recente divulgado pela SOS Mata Atlântica revela um cenário complexo para o Rio Tietê. Embora a extensão da área de poluição tenha apresentado uma retração de 16% em 2025, a qualidade da água continua sendo motivo de grande preocupação. A análise aponta que 36% dos pontos monitorados foram classificados como ruins ou péssimos.
A pesquisa indica que a chamada “mancha de poluição” diminuiu de 207 km em 2024 para 174 km em 2025. No entanto, o número de trechos com água considerada de boa qualidade sofreu uma queda drástica. Apenas um ponto entre os 55 avaliados recebeu essa classificação, representando menos de 2% do total.
De acordo com o levantamento, a maioria dos pontos monitorados em 41 rios da Bacia do Tietê foi classificada como regular (61,8%). Em contrapartida, 27,3% apresentaram qualidade ruim e 9,1% foram considerados em estado péssimo. O estudo deste ano não registrou nenhum local com classificação ótima.
Apesar dos avanços observados na qualidade da água entre 2016 e 2021, o cenário apresentou um agravamento a partir de 2022. A mancha de poluição atingiu 207 km em 2024, antes de recuar para 174 km em 2025. Esses dados demonstram a flutuação e a fragilidade da situação do rio.
“Há uma redução da mancha para 174 km, mas acompanhada da menor extensão de água boa da série”, destacou Gustavo Veronesi, coordenador do projeto Observando os Rios, em entrevista à CNN Brasil. Essa afirmação ressalta a importância de não apenas reduzir a extensão da poluição, mas também de garantir a qualidade da água para o consumo e para a vida aquática.
O relatório, fruto da colaboração de 46 grupos de voluntários e com suporte técnico de universidades, utilizou o Índice de Qualidade da Água como base para a avaliação. Esse índice considera fatores como o nível de oxigênio dissolvido e a presença de coliformes fecais, indicadores cruciais da saúde do rio.
No trecho do Rio Tietê compreendido entre Salesópolis e Barra Bonita, 120 km apresentaram qualidade ruim, uma ligeira melhora em relação aos 131 km registrados em 2024. No entanto, outros 54 km foram classificados como péssimos, evidenciando a persistência de áreas críticas.
“A qualidade permanece altamente suscetível a variações climáticas, descargas e remanescentes de esgoto tratados e não tratados, operações de barragens, efeitos de eventos extremos e acidentes ambientais”, explicou Veronesi. Ele ainda enfatizou a necessidade de vigilância contínua e a urgência de ações estruturais de despoluição, a fim de garantir a recuperação do Rio Tietê.
Fonte: http://revistaoeste.com