Em um cenário de recentes atritos diplomáticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assume a tribuna nesta terça-feira, em Nova York, para discursar na abertura da 80ª Assembleia-Geral da ONU. A sessão ocorre um dia após os Estados Unidos anunciarem sanções que atingiram figuras próximas ao governo brasileiro e membros do Supremo Tribunal Federal (STF), elevando a tensão entre os dois países.
Espera-se que Lula aproveite o palco da ONU para defender a democracia, reforçar o combate à fome e sublinhar a necessidade de fortalecer as instituições multilaterais. Além disso, o presidente deve enfatizar a soberania nacional do Brasil, rejeitando qualquer forma de interferência externa em assuntos internos.
A administração Trump, na segunda-feira, impôs sanções a Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, e ao instituto Lex, ligado à família do magistrado. No mesmo dia, o governo americano revogou o visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, acentuando a crise diplomática.
O Ministério das Relações Exteriores reagiu classificando as sanções como “indevidas” e um “ataque à soberania brasileira”. O governo Lula defendeu o ministro e o STF, argumentando que tais medidas não auxiliarão na responsabilização dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado. Em nota oficial, o governo brasileiro afirmou categoricamente que “o Brasil não se curvará a mais essa agressão”.
Desde a década de 1950, o Brasil tem a tradição de abrir os discursos na Assembleia-Geral da ONU, embora não haja uma regra formal. Após as falas do secretário-geral António Guterres e da presidente da Assembleia, Annalena Baerbock, Lula será o primeiro chefe de Estado a discursar, seguido por Donald Trump, em uma ordem predefinida. A expectativa é que o discurso de Lula ocorra às 10h (horário de Brasília). Este será o décimo discurso de Lula na ONU, sendo que sua ausência ocorreu apenas em 2010, durante a campanha eleitoral de Dilma Rousseff.
Fonte: http://revistaoeste.com