Uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta segunda-feira, 29, no Amapá, resultou na desarticulação de uma organização criminosa especializada na exploração de migrantes. A ação, denominada Piratas do Caribe, mirou em grupos que atuavam no transporte irregular de estrangeiros, submetendo-os a extorsões e ameaças. A investigação ganhou força após um grave acidente na BR-210, em março, que vitimou cinco pessoas, incluindo duas crianças, revelando a face cruel do esquema.
Durante a operação, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em diversas cidades do estado, incluindo Tartarugalzinho, Oiapoque, Santana e Macapá. A Justiça também determinou a aplicação de 17 medidas de monitoramento eletrônico aos suspeitos, visando garantir o controle e o acompanhamento de suas atividades. Em uma das residências investigadas, a PF encontrou um cofre contendo uma grande quantia em dinheiro, evidenciando a lucratividade da atividade ilícita.
As investigações da PF revelaram que a organização criminosa facilitava a entrada irregular de migrantes, principalmente cubanos e haitianos, no país. Contudo, o grupo criminoso impunha cobranças abusivas às vítimas, utilizando ameaças de expulsão para forçar o pagamento. “Famílias inteiras eram mantidas sob pressão e ameaças, de forma a transformar o transporte em um esquema de extorsão”, informou a PF em nota.
O inquérito policial teve início a partir de denúncias recebidas na delegacia da PF em Oiapoque, que expuseram o modus operandi da quadrilha. A investigação relacionou diretamente o esquema de exploração ao acidente ocorrido em 25 de março, quando um Nissan Versa colidiu frontalmente com um Volkswagen UP em Porto Grande. O trágico acidente escancarou a vulnerabilidade dos migrantes explorados pela organização criminosa.
No Nissan Versa, viajavam seis pessoas, incluindo um casal de cubanos, Suzana De La Caridad Scull Marcel e Vladimir Aldana Rodriguez, ambos de 31 anos, e o bebê Aldo Milan, que faleceu no local. Outras vítimas fatais foram Hilda Menéndez Valdés, Yohany Rico Menéndez e o motorista Messias Ramos Teixeira. No outro veículo, um casal de agentes de saúde viajava com o filho de seis anos, que também perdeu a vida na colisão.
Fonte: http://revistaoeste.com