A recente conversa telefônica entre Donald Trump e Lula da Silva acendeu um misto de otimismo e cautela em Brasília. O longo diálogo, contrastando com encontros anteriores, sugere uma abertura para negociações bilaterais. Trump expressou em suas redes sociais um tom positivo, focando em economia e comércio, e acenando para futuros encontros. Contudo, a escolha de Marco Rubio para dar seguimento às tratativas levanta questionamentos sobre as reais intenções dos EUA.
A euforia inicial no Palácio do Planalto, com declarações otimistas de ministros como Fernando Haddad e Geraldo Alckmin, contrasta com a apreensão diante da nomeação de Rubio. O Secretário de Estado americano, conhecido por suas posições firmes contra regimes autoritários e sua defesa da liberdade de expressão, pode trazer à tona temas delicados para o governo brasileiro. Sua postura crítica em relação a questões políticas internas, como o caso Bolsonaro, gera incertezas sobre o futuro das negociações.
Trump, ao enfatizar o foco econômico durante sua conversa com Lula, sinaliza que outras questões podem ser abordadas por Rubio. A escolha de Rubio, em vez de representantes mais diretamente ligados a temas econômicos, como ocorreu em negociações com a União Europeia e a China, sugere que os EUA pretendem ir além das questões tarifárias. O governo brasileiro teme que exigências políticas e judiciais entrem em pauta, complicando o cenário.
Marco Rubio, filho de cubanos e crítico de regimes autoritários, já impôs sanções a autoridades brasileiras. Sua preocupação com a liberdade de expressão, as restrições às Big Techs e o julgamento de Bolsonaro podem ser pontos de atrito nas negociações. A expectativa é que, seguindo uma orientação de Trump, Rubio adote uma postura mais flexível, limitando as discussões às questões econômicas. No entanto, sua trajetória sugere que ele dificilmente cederá em seus princípios.
A reunião entre representantes brasileiros e Marco Rubio se configura como um momento crucial para o futuro das relações bilaterais. Caso Rubio condicione a negociação de tarifas ao atendimento de exigências políticas e judiciais, o diálogo corre o risco de fracassar. O governo brasileiro enfrenta um dilema: ceder em questões consideradas de soberania ou arcar com as consequências econômicas do aumento das tarifas americanas. Equacionar esses interesses exigirá diplomacia, resignação e visão de longo prazo.
Fonte: http://jovempan.com.br