Em meio à disputa por uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria negociando com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, oferecendo-lhe três diretorias nos Correios. A informação foi divulgada por fontes ligadas ao governo, indicando uma manobra política para garantir apoio à indicação de Lula ao STF.
Segundo relatos, a oferta de cargos seria uma forma de compensar Alcolumbre, que tem demonstrado interesse em emplacar o nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na vaga a ser deixada por Luís Roberto Barroso. O gesto do Planalto visa, portanto, suavizar resistências e pavimentar o caminho para a aprovação do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, nome preferido de Lula para o STF.
Ocorre que a estratégia surge em um momento crítico para os Correios, que enfrentam sérias dificuldades financeiras. A estatal recentemente anunciou que buscará um empréstimo de R$ 20 bilhões para cobrir déficits e equilibrar as contas nos próximos anos, evidenciando a fragilidade da empresa.
Paralelamente às negociações, os Correios passam por uma reestruturação interna, com mudanças em diversas diretorias. O economista Emmanoel Schmidt Rondon, recém-empossado presidente da estatal, tem a missão de reverter a crise. Nesse contexto, a diretora de Governança e Estratégia, Juliana Picoli Agatte, já teria sido destituída do cargo, e outras mudanças são esperadas.
De acordo com interlocutores do governo, a Diretoria de Administração dos Correios seria entregue a um indicado de Alcolumbre, selando o acordo político entre o Planalto e o Senado. Em troca, Lula espera obter o apoio necessário para a aprovação de seu escolhido para o STF, numa articulação que envolve cargos e a mais alta corte do país. “O presidente Lula tem reiterado a aliados que não pretende recuar da escolha de Messias”, disse uma fonte próxima ao Planalto.
