O governo do Peru decretou estado de emergência em Lima e na cidade portuária de Callao, na terça-feira (21), em resposta ao aumento alarmante da violência e extorsões ligadas ao crime organizado. A medida, que impacta cerca de 10 milhões de pessoas, permite a mobilização das forças armadas para as ruas e restringe direitos como liberdade de reunião e inviolabilidade domiciliar. O anúncio foi feito pelo presidente José Jerí em pronunciamento transmitido pela televisão estatal.
O decreto, que já está em vigor desde a meia-noite de quarta-feira (horário local), terá duração de 30 dias na região metropolitana de Lima e em Callao. Uma das medidas restritivas proíbe o uso de motocicletas por duas pessoas, prática comum entre criminosos. Anteriormente, entre março e julho, a capital peruana já havia passado por um estado de emergência parcial após o assassinato de um cantor de cumbia.
“A criminalidade cresceu descontroladamente nos últimos anos, causando enorme dor a milhares de famílias e prejudicando o progresso do país”, declarou Jerí em sua breve mensagem à nação. O presidente prometeu uma mudança na abordagem da segurança pública, afirmando: “Hoje, começamos a mudar a história na luta contra a insegurança no Peru”. Essa é a primeira grande ação do governo em suas duas semanas de mandato, em um país onde a segurança é uma das maiores preocupações.
“Passamos da defensiva para a ofensiva na luta contra o crime, uma luta que nos permitirá recuperar a paz, a tranquilidade e a confiança de milhões de peruanos”, disse o presidente, cercado por seus ministros. As autoridades já haviam sinalizado a possibilidade de um estado de emergência em Lima, após protestos em outubro contra a violência do crime organizado que resultaram em um morto e mais de 100 feridos.
Desde 2024, o Peru enfrenta um aumento da violência urbana, com uma onda de extorsões que elevou a insegurança à principal preocupação da população, segundo pesquisas. As denúncias de extorsão saltaram de 2.396 em 2023 para mais de 17.000. Entre janeiro e setembro, o país registrou 20.705 denúncias, um aumento de 28,8% em comparação com o mesmo período de 2024, de acordo com a polícia.
Fonte: http://jovempan.com.br