O governo federal tem ampliado sua estratégia de comunicação, investindo em influenciadores digitais para divulgar ações e programas governamentais, buscando atingir principalmente o público jovem e nichos específicos como cultura e entretenimento.
Dados revelam um aumento expressivo nos gastos com anúncios políticos na Meta (Facebook e Instagram). Em setembro, o investimento atingiu R$ 8,4 milhões, um salto de 360% em relação aos R$ 4,7 milhões do bimestre anterior, posicionando o governo Lula como o maior financiador de conteúdo político impulsionado no país.
Essa tática ecoa práticas já adotadas por outras instituições de esquerda, como o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Supremo Tribunal Federal (STF), que também têm promovido eventos e interações com influenciadores. Em agosto, o STF convidou 26 criadores de conteúdo para uma visita à Corte, enquanto o PT realizou o seminário PTech em outubro, focado na atuação digital do partido.
A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) não divulgou detalhes sobre os critérios, valores ou períodos de contratação dos influenciadores, o que gerou críticas da oposição. O debate se intensificou com a promoção, por parte de diversos influenciadores contratados, do projeto de isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.
Entre os influenciadores contratados, alguns mantêm um perfil mais neutro, focando em temas como humor, cultura regional ou cotidiano, a exemplo do publicitário PV Freitas e da atriz Isis Vieira. Outros, como Lauany Schultz, Carolline Sardá e Laura Sabino, adotam uma abordagem mais política ou analítica, muitas vezes já demonstrando apoio ao governo ou críticas à direita.
Além das postagens nas redes sociais, muitos desses influenciadores participam de eventos promovidos ou apoiados pelo governo e colaboram com movimentos sociais e sindicatos aliados. Os conteúdos divulgados abrangem desde programas como o Luz para Todos até a defesa da reforma do IR, críticas à oposição e elogios a figuras como Lula e ministros do STF.
A oposição questiona a legalidade e a pertinência desses contratos, argumentando sobre o uso de recursos públicos para impulsionar conteúdos com viés ideológico. Parlamentares exigem explicações da Secom sobre a utilização da verba pública em ações que, segundo eles, envolvem promoção pessoal, defesa do governo e ataques a adversários políticos.
Até o momento, o Palácio do Planalto não se manifestou oficialmente sobre os questionamentos.