O ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, agora sócio da gestora YvY Capital, fez um alerta contundente sobre as transformações no cenário mundial. Durante um evento promovido pela UBS Wealth Management nesta terça-feira, Guedes descreveu o momento atual como um “tsunami de conservadorismo”, sinalizando o que ele percebe como um desmoronamento da ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial.
Segundo Guedes, essa nova fase geopolítica deslocou o foco da economia liberal, elevando a geopolítica ao centro das atenções. Ele observou uma ascensão de forças conservadoras, enquanto o liberalismo perde espaço e a agenda de esquerda se distancia do debate global. “Agora é geopolítica na frente, conservadores na frente, liberalismo no banco de trás e socialistas fora da conversa”, afirmou, em tom de análise.
Para Guedes, esse rearranjo global cria um terreno fértil para novas agendas e discursos, impulsionados por um clima de insegurança política, social e econômica. Ele enfatizou a busca por proteção e segurança em um mundo onde a estabilidade parece cada vez mais incerta. “As pessoas querem proteção, querem segurança. Não é normal você sair de casa sem saber se vai voltar”, declarou.
O ex-ministro argumenta que não é o capitalismo em si que está sob pressão, mas sim as democracias, especialmente no Ocidente. Ele aponta para o crescimento de países orientais, citando a China como um exemplo de nação que adotou mecanismos de mercado e conseguiu reduzir drasticamente a pobreza. Esse redesenho do cenário internacional, segundo ele, pode abrir oportunidades para o Brasil.
Guedes acredita que o Brasil pode se beneficiar desse novo cenário, desde que compreenda seu papel estratégico e adote posições mais claras no cenário global. Ele ressalta que os principais desafios do Brasil atualmente são de natureza política e psicológica, relacionados à forma como o país se percebe e se posiciona no mundo. Para ele, o país não pode permanecer “em cima do muro”.