Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, está no centro de uma nova investigação que apura supostos pagamentos milionários e vínculos societários com Antônio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “Careca do INSS”. Antunes está preso desde setembro de 2025, acusado de liderar um esquema de fraudes contra beneficiários da Previdência Social. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS recebeu da Polícia Federal indícios que ligam Lulinha ao caso, conforme reportagens do Poder360 e Metrópoles.
De acordo com o depoimento de Edson Claro, ex-funcionário de Antunes, Lulinha teria recebido cerca de R$ 25 milhões, além de uma “mesada” de R$ 300 mil mensais, sem especificação do período. As investigações também apontam para viagens conjuntas a Portugal. A tentativa de convocação de Edson para depor na CPMI foi, segundo relatos, barrada por pressão da base governista.
Embora não haja comprovação formal dos pagamentos ou da sociedade, a CPMI recebeu dados da Polícia Federal que incluem conversas de WhatsApp, menções a Lulinha como “nosso amigo”, registros de ingressos e mensagens que sugerem sua ligação com os negócios de Antunes. Marco Aurélio Carvalho, ex-advogado de Fábio Luís, classificou as acusações como “pirotécnicas e improváveis” quando procurado pela reportagem.
A empresa World Cannabis, com sede no Brasil e ramificações em Portugal, EUA e Colômbia, também é alvo das investigações. A suspeita é que a empresa, oficialmente voltada à venda de cannabis medicinal, tenha sido utilizada para lavar dinheiro desviado do INSS. Antunes figura como sócio formal da empresa, registrada sob o nome Camilo Comércio e Serviços S/A.
Além de Lulinha, outros nomes ligados ao Partido dos Trabalhadores estão sendo investigados. Um relatório do Coaf revela que Ricardo Bimbo Troccolli, atual secretário nacional de Ciência e Tecnologia da Informação do PT, recebeu R$ 11,1 milhões de associações envolvidas no esquema de fraudes. O mesmo relatório indica que Troccolli pagou boletos em nome de João Muniz Leite, antigo contador da família Lula.
A relação de Lulinha com Roberta Moreira Luchsinger também está sob investigação. Mensagens mostram Roberta tratando com Antunes sobre formas de “esquentar” dinheiro supostamente desviado das fraudes. A Polícia Federal classificou a atuação conjunta como “atuação societária” e potencial tráfico de influência. Viagens conjuntas entre Roberta e Lulinha, com os mesmos códigos localizadores de passagem, foram identificadas entre 2024 e 2025.
A investigação enfrenta divisões internas na Polícia Federal, com um setor defendendo o aprofundamento das apurações e outro resistindo a medidas mais incisivas diante da fragilidade dos indícios reunidos até o momento. A proximidade de Fábio Luís com os principais nomes envolvidos no esquema levantou preocupações internas, mesmo que não haja ligação direta comprovada com as fraudes. Parlamentares suspeitam que o Planalto foi informado antecipadamente sobre o envolvimento de Lulinha.
A defesa de Roberta Luchsinger afirmou que ela nunca teve relação com fraudes do INSS e atuava com intermediação de negócios no setor de canabidiol. Confirmou a amizade com Lulinha e viagens de lazer em conjunto. A defesa de Antunes disse não ter acesso aos dados mencionados e preferiu não comentar. Ricardo Bimbo, Edson Claro e João Muniz Leite não foram localizados para comentar o caso.