Impactos humanos no Oceano Ártico: chumbo e acidificação em foco

Estudo revela a persistência do chumbo e acidificação nas águas do Ártico

Estudo analisa o impacto humano no Oceano Ártico, destacando a presença de chumbo e a acidificação das águas.

O estudo sobre os impactos humanos no Oceano Ártico, realizado por uma equipe internacional ligada ao projeto europeu ECOTIP, analisou o mar ao largo da Groenlândia. Os pesquisadores investigaram como as mudanças climáticas e a poluição humana estão alterando a química deste ecossistema, revelando a persistência de chumbo e uma tendência clara de acidificação nas águas do Ártico.

Participaram do trabalho cientistas do Helmholtz-Zentrum Hereon, na Alemanha, e do Instituto de Oceanologia da Academia Polonesa de Ciências (IOPAN). As amostras foram coletadas em mais de 30 locais e em diferentes profundidades, com a maioria dos exames realizados em laboratórios alemães. Os resultados são alarmantes e revelam como a ação humana está remodelando a base química do Oceano Ártico.

Persistência do chumbo no Oceano

Um dos achados mais significativos do estudo é a detecção contínua de chumbo nas águas da Groenlândia, mesmo após décadas de sua proibição na gasolina. Os cientistas identificaram que esse metal pesado, proveniente de combustíveis antigos, ainda é encontrado no ambiente marinho. O chumbo é transportado por correntes de ar de regiões densamente povoadas e, conforme os novos dados, continua detectável no Ártico.

Concentrações mais elevadas de chumbo foram observadas no sul da Groenlândia, próximo à América do Norte e Europa. No entanto, o poluente também foi encontrado em regiões mais ao norte, mostrando a extensão do seu impacto através das correntes oceânicas. “Descobrimos que o chumbo aparece mais ao norte, o que ilustra a persistência desses metais pesados na natureza”, afirmou Claudia Elena Schmidt, cientista do Hereon e autora principal do estudo.

Acidificação das águas do Ártico

Além do chumbo, o estudo também destaca o aumento da acidificação nas águas do Ártico. O CO₂ emitido por atividades humanas se dissolve na água do mar, formando ácido carbônico, o que torna a água mais ácida. Essa acidificação reduz a disponibilidade de carbonato, essencial para a construção de conchas e carapaças por organismos como mexilhões e caracóis. Com menos carbonato disponível, esses animais precisam gastar mais energia para manter suas estruturas, o que pode impactar seu crescimento e reprodução.

Os dados coletados indicam uma tendência nítida de acidificação no Ártico, levantando preocupações sobre a resiliência da base da cadeia alimentar marinha. A pesquisa evidencia a necessidade de uma abordagem sistemática para monitorar a química marinha, visando proteger as populações de organismos calcificadores e, consequentemente, as cadeias produtivas marinhas.

Conclusões e recomendações

O estudo também preenche lacunas de conhecimento que estavam defasadas, já que muitas substâncias não eram medidas no Ártico há décadas. A atualização dos dados é crucial para antecipar os impactos nos serviços ecossistêmicos, como a pesca e a segurança alimentar de comunidades que dependem do mar. Além do chumbo e do CO₂, a pesquisa alerta para o excesso de nutrientes provenientes da agricultura e novas substâncias liberadas pela indústria, que podem alterar processos naturais e favorecer desequilíbrios na vida marinha.

Medidas como políticas de controle de emissões e gestão de nutrientes são essenciais para proteger o Oceano Ártico. A proteção desse ambiente significa cuidar de ecossistemas interligados e, em última análise, garantir saúde, alimentação e bem-estar em escala global.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *