Reflexões sobre a aceitação de práticas religiosas na educação pública

Debate sobre a presença da Bíblia e dos orixás nas escolas provoca reflexão sobre laicidade.
A polêmica da educação religiosa nas escolas
A questão da educação religiosa nas escolas públicas tem se tornado um tema cada vez mais controverso, especialmente em situações como a que ocorreu recentemente em São Paulo. Nesse episódio, um pai ficou indignado ao ver sua filha de apenas 4 anos ser obrigada a desenhar divindades de religiões de matriz africana, o que levou à intervenção da polícia. Essa ocorrência não é apenas uma questão isolada, mas sim um reflexo de uma discussão mais ampla sobre a laicidade do Estado e a liberdade religiosa.
A laicidade e suas implicações
O conceito de laicidade é frequentemente invocado para justificar a exclusão de práticas religiosas de origem cristã nas escolas. Se um professor tenta orar o Pai-Nosso em sala de aula, rapidamente é acusado de violar esse princípio. Entretanto, o mesmo não se aplica quando se trata de ensinar práticas de religiões africanas, que são frequentemente tratadas como parte da cultura e da história do Brasil. Essa disparidade levanta a questão: por que a laicidade parece ser seletiva?
A educação religiosa no Brasil
O Brasil é signatário da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que garante aos pais o direito de escolher a educação religiosa de seus filhos. Este direito é inegociável e deve ser respeitado por instituições de ensino. A escola não pode moldar as crenças das crianças sem o consentimento dos responsáveis, pois isso ultrapassa sua função educacional. A Lei 10.639/03, que visa valorizar a contribuição das culturas africanas, não deve ser utilizada como um pretexto para doutrinação religiosa.
Doutrinação versus educação
É crucial distinguir entre ensinar sobre as diversas religiosidades presentes na sociedade brasileira e impor práticas devocionais a crianças. Explicar que os orixás fazem parte do imaginário cultural é uma coisa; obrigar uma criança a reproduzir rituais é outra completamente diferente. O primeiro é um exercício educativo, enquanto o segundo se assemelha a uma forma de proselitismo, que deve ser evitada em um ambiente educativo.
A responsabilidade dos pais
Neste contexto, a responsabilidade dos pais se torna ainda mais evidente. Eles devem estar atentos ao que está sendo ensinado nas escolas e garantir que a educação oferecida respeite as convicções familiares. A verdadeira tolerância religiosa não consiste em substituir uma crença por outra, mas em garantir que todas as religiões sejam respeitadas e que as instituições de ensino não sejam usadas para promover agendas ideológicas específicas.
Conclusão
O episódio ocorrido em São Paulo é um alerta para todos os envolvidos no processo educacional. A escola deve se manter neutra e respeitar as diversas convicções religiosas, garantindo que a educação seja um espaço livre de doutrinação. É fundamental que os pais e a sociedade civil se unam para garantir que a liberdade religiosa e a laicidade sejam respeitadas em todos os níveis de ensino.
