Impactos da Selic alta na economia brasileira

Análise dos desafios e avanços do Brasil em 2025

A Selic em 15% e o 'tarifaço' dos EUA marcam um ano desafiador para a economia brasileira, que apresenta recuos e recordes.

O Brasil encarou em 2025 um ano repleto de desafios econômicos, marcado pela Selic elevada em 15% e as consequências do ‘tarifaço’ imposto pelos Estados Unidos. Esses fatores impactaram tanto o comércio exterior quanto a dinâmica interna da economia, exigindo do Banco Central uma vigilância constante sobre a inflação e a atividade econômica.

O cenário da Selic e suas consequências

A política monetária do Banco Central, sob a liderança de Gabriel Galípolo, se manteve firme na meta de controle da inflação. A Selic, que chegou ao patamar de 15% em junho, representou um dos juros reais mais altos da história recente, gerando um efeito duplo: enquanto buscava conter a inflação, também restringia o crescimento econômico.

Com um mercado de trabalho resiliente, o Brasil viu o desemprego atingir níveis recordes de 5,4%, enquanto a renda também apresentou crescimento significativo. Contudo, a pressão inflacionária, especialmente nos serviços, refletiu a robustez do mercado, desafiando as estratégias do Banco Central.

“Aprendemos que, para a política monetária surtir efeito, tivemos que manter os juros a 15% em 2025, o que não é uma boa notícia”, comenta Silvia Matos, do FGV Ibre. Essa situação levantou preocupações sobre o crescimento do PIB, que deve fechar abaixo da média histórica do Plano Real, com estimativas de crescimento para 2026 ainda mais modestas.

O impacto do tarifaço americano

A imposição de tarifas pelos EUA sobre produtos brasileiros complicou ainda mais o cenário. Em abril, Donald Trump anunciou uma taxa de 10% sobre importações brasileiras, que foi aumentada para 50% em agosto, colocando em xeque a diplomacia econômica do Brasil. Esse movimento afetou cerca de 35% das exportações, mas uma lista de exceções ajudou a atenuar os danos.

Após meses de tensões, uma mudança inesperada ocorreu quando Trump reconheceu a “química excelente” que teve com Lula, levando à retirada de tarifas sobre produtos essenciais como café e carne. Essa reviravolta trouxe alívio, mas deixou um legado de incertezas sobre futuras negociações comerciais.

Desafios internos e a resistência do consumo

O ano também foi marcado por um debate intenso sobre a reforma tributária, que trouxe à tona propostas de aumento de impostos que geraram apreensão entre empresários. As discussões em torno da nova alíquota de transição do IBS e CBS se intensificaram, com o Congresso buscando acelerar a implementação das novas regras.

A economia, enquanto isso, apresentou uma desaceleração suave. Apesar do crescimento de 1,4% no primeiro trimestre, a atividade econômica enfrentou resistência, com o PIB projetado para 2025 variando entre 1,8% e 2,2%, evidenciando um cenário de estagnação na segunda metade do ano.

A Bolsa e o investimento estrangeiro

No entanto, o mercado financeiro teve um desempenho notável, com a Bolsa alcançando recordes históricos, superando 164 mil pontos em dezembro. A queda do dólar, aliada ao fluxo de capital estrangeiro atraído pelos juros altos no Brasil, se mostrou um fator crucial para essa performance. O diferencial de juros se tornou um atrativo, mesmo em um cenário de incerteza econômica.

O ano de 2025, embora desafiador, também trouxe lições sobre a resiliência da economia brasileira diante de adversidades internas e externas, refletindo a complexidade de sua dinâmica e a necessidade de um equilíbrio entre crescimento e controle inflacionário.

Fonte: www.infomoney.com.br

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