O STF normalizou sua atuação política e judicial?

Fellipe Sampaio/STF

Análise sobre a percepção da imprensa e o papel do Supremo Tribunal Federal.

A atuação do STF se torna cada vez mais uma questão de debate público, refletindo a percepção da imprensa sobre suas decisões.

A atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) se tornou alvo de críticas e questionamentos, especialmente após o julgamento de Jair Bolsonaro. O que antes era visto como uma defesa de princípios democráticos agora é interpretado por muitos como uma superexposição ao poder político. A imprensa, que historicamente aplaudiu as decisões do STF, especialmente quando estas se direcionavam contra o bolsonarismo, parece agora perplexa com as consequências de uma atuação que se consolidou como política.

O papel da imprensa na formação da opinião pública

Nos últimos anos, a cobertura da mídia sobre o STF foi marcada por um tom de celebração das intervenções da Corte. No entanto, essa mesma mídia agora levanta a bandeira de que o STF precisa retornar a uma suposta normalidade. Essa mudança de postura surge em resposta a uma série de escândalos envolvendo ministros, incluindo os vínculos financeiros com instituições como o Banco Master. A indignação da imprensa parece ter surgido não pela defesa da justiça, mas pela percepção de que as exceções aplicadas ao bolsonarismo agora atingem outros setores do poder e da sociedade.

A continuidade da exceção

O Supremo não é um novo ator nesse cenário; sua atuação política já se consolidou há tempos. A presença de ministros com interesses pessoais e políticos, que frequentemente transbordam para suas decisões, é um indicativo de que a Corte não atua mais como uma instância puramente judicial. Os casos mais recentes, como os do dia 8 de janeiro e o polêmico contrato de R$ 129 milhões entre o Banco Master e um escritório ligado a um dos ministros, expõem essa realidade. A lógica da exceção, que inicialmente parecia direcionada a um único campo político, agora se revela uma prática comum que não se limita a um único grupo.

Impactos e reflexões sobre o futuro do STF

A imprensa, ao chamar por uma volta ao normal, ignora que o STF já se tornou parte do jogo político, e não um árbitro imparcial. A imagem de uma Corte de Justiça, que deveria ser inabalável em sua imparcialidade, foi comprometida. Essa situação exige uma reflexão profunda sobre o que se espera de um poder que deveria ser independente, mas que se tornou um ator político ativo. O verdadeiro desafio não é apenas o retorno a uma normalidade ilusória, mas a busca por uma redefinição do papel do STF na democracia brasileira, longe das influências externas que o comprometem.

André Marsiglia, advogado e professor de Direito Constitucional, nos convida a repensar a relação entre o STF, a mídia e a política, destacando a importância de uma análise crítica sobre os rumos do Judiciário no Brasil.

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