Abate de fêmeas e impacto na valorização da arroba em 2026

Zzn Peres / José Peres

Entenda como a redução de fêmeas pode afetar o mercado de carne bovina.

O abate de fêmeas no Brasil superou o de machos em 2025, impactando a arroba do boi.

O abate de fêmeas no Brasil alcançou um marco histórico em 2025, superando o de machos pela primeira vez desde 1997. Essa mudança no padrão de abate, impulsionada pela necessidade de redução de custos por parte dos produtores, promete impactar significativamente o mercado de carne bovina nos próximos anos.

O cenário do abate de fêmeas

De acordo com o IBGE, o abate de fêmeas cresceu 16% no segundo trimestre de 2025, totalizando 19,35 milhões de cabeças. Este número representa uma transformação no setor, onde aproximadamente 50% dos bovinos abatidos eram fêmeas. Manoel Lúcio Pontes Morais, coordenador técnico da Emater-MG, explica que essa tendência reflete a pressão econômica que os produtores enfrentam, levando-os a fazer escolhas difíceis para assegurar a viabilidade financeira.

O aumento no abate de novilhas, que cresceu 23,1% em relação ao ano anterior, é um indicativo de que os produtores estão priorizando a liquidez imediata, o que pode resultar em uma diminuição drástica da disponibilidade de fêmeas para reprodução no futuro.

Projeções para 2026

Com a redução do número de fêmeas, a expectativa é que o mercado enfrente uma oferta menor de bezerros. Isso, por sua vez, deve resultar em uma pressão ascendente sobre os preços da arroba do boi. A Emater-MG projeta que, mesmo no primeiro semestre de 2026, tradicionalmente marcado por maior oferta de animais, os preços devem se manter elevados, devido à diminuição da oferta.

A situação é ainda mais complexa, pois a eficiência na produção tem aumentado. Os produtores estão reportando melhores intervalos entre partos e um número maior de nascimentos, o que pode equilibrar parcialmente a redução no número de matrizes. Esse cenário é favorecido por melhorias genéticas e práticas de manejo mais eficientes.

Exportações em alta

Apesar do embargo americano, as exportações brasileiras de carne bovina conseguiram se expandir em 2025, com um crescimento de 36,5% em volume em comparação ao mesmo mês do ano anterior. As vendas atingiram um faturamento de US$ 1,87 bilhão, demonstrando que o Brasil continua a ser um player importante no mercado internacional de carne.

A China se destacou como o principal destino das exportações, absorvendo metade da receita total. Essa dinâmica indica que, mesmo em um cenário de desafios, a pecuária brasileira se mantém competitiva, atraindo compradores em mercados diversificados.

Considerações finais

Com um mercado interno mais contido e um cenário internacional favorável, a perspectiva para 2026 é de que a arroba do boi gordo e o preço do bezerro continuem a mostrar valorização. O abate elevado de fêmeas e a estabilização na produção são fatores que, combinados, prometem moldar o futuro do setor pecuário no Brasil, exigindo atenção contínua dos produtores e investidores.

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