Explorando os fenômenos que mantêm a capital peruana seca.
Lima, capital do Peru, é conhecida por sua escassez de chuvas. Entenda os fenômenos climáticos por trás dessa característica.
A escassez de chuvas em Lima
Localizada em uma região tropical e próxima da Amazônia, Lima, a capital do Peru, é uma das cidades mais secas do mundo. Apesar de estar cercada pela umidade da floresta amazônica, a capital apresenta um padrão climático curioso, com precipitações anuais que variam entre 6 e 12 milímetros, inferior ao de várias regiões desérticas. Essa característica gera a impressão de que em Lima “nunca chove”, embora isso não seja completamente verdade.
Fatores climáticos que influenciam Lima
A localização geográfica de Lima, entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes, é crucial para entender sua aridez. As massas de ar úmidas que avançam do leste são interrompidas pelos Andes, resultando em uma chamada sombra de chuva. À medida que o ar úmido sobe, resfria-se e precipita, deixando o ar seco ao alcançar a costa. Portanto, a umidade que chega à cidade já está em grande parte dissipada.
Outro fator importante é a Corrente de Humboldt, uma corrente oceânica fria que se estende ao longo da costa do Pacífico sul-americano. Águas frias evaporam menos, reduzindo a formação de nuvens carregadas de chuva. Em vez disso, as nuvens que se formam são baixas, densas e pouco ativas, incapazes de provocar chuvas significativas.
O fenômeno da garúa
Embora a chuva tradicional seja rara, Lima não está completamente isenta de umidade. O que os limenhos experienciam frequentemente é a garúa, uma finíssima garoa que parece mais uma névoa do que chuva. Essa garoa úmida, que ocorre principalmente durante os meses de inverno, não gera acúmulo de água no solo, mas provoca um ambiente frio e úmido que pode causar mofo e desconforto. Essa peculiaridade climática é conhecida localmente como “céu de bruxas”, devido ao aspecto cinzento e encoberto que pode durar semanas.
Impactos das mudanças climáticas
Mesmo com a escassez de chuvas, Lima pode ocasionalmente registrar eventos meteorológicos mais intensos, particularmente associados ao fenômeno El Niño. Durante esses períodos, mudanças na temperatura das águas do Pacífico podem resultar em uma maior evaporação e, consequentemente, em precipitações atípicas. Historicamente, a cidade já enfrentou episódios de chuvas intensas, como os eventos de 1970, 2017 e 2019, que causaram alagamentos e danos significativos.
O clima peculiar de Lima não apenas desafia as expectativas de uma capital tropical, mas também traz à tona a necessidade de um planejamento urbano adequado para lidar com as raras, mas impactantes, chuvas intensas. Assim, a cidade continua a ser um exemplo fascinante de como a geografia e as correntes oceânicas podem moldar o clima de uma região.



