Abate de búfalos na Amazônia: um teste para erradicar invasores

AFP Photo/Tony Karumba

Governo inicia pesquisa para controlar a população de búfalos asiáticos em Rondônia.

Governo inicia teste para controle de búfalos asiáticos na Amazônia, visando a preservação ambiental.

A presença descontrolada de búfalos asiáticos em áreas protegidas da Amazônia brasileira é um problema crescente que levou o governo federal a implementar uma pesquisa piloto de controle populacional. Esta iniciativa é considerada uma das principais alternativas para enfrentar os desafios ambientais registrados no oeste de Rondônia, onde os búfalos, introduzidos em 1953, proliferaram sem controle e se tornaram uma espécie exótica invasora.

O impacto ambiental da invasão

Os búfalos ocupam trechos de reservas biológicas e extrativistas na região do Vale do Guaporé, um espaço estratégico que reúne três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Pantanal e Cerrado. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), se nenhuma ação for tomada, a população de búfalos pode aumentar para 50 mil em cinco anos, resultando em sérios danos ao meio ambiente.

Wilhan Cândido, biólogo do ICMBio, ressalta a preocupação com a extinção de espécies nativas devido à competição com os búfalos, que não possuem predadores naturais e têm um impacto devastador sobre a fauna local, como o cervo-do-pantanal, que já é considerado vulnerável.

A pesquisa como solução viável

O projeto de abate controlado visa eliminar cerca de 500 búfalos, ou 10% da população atual, como uma tentativa de reverter os danos causados. A operação é complexa, uma vez que a região é de difícil acesso e carece de infraestrutura adequada para o manejo dos animais. Além disso, a carne dos búfalos não poderá ser utilizada para consumo humano devido à falta de controle sanitário.

As ações envolvem a colaboração entre o ICMBio, a Universidade Federal de Rondônia (Unir) e uma empresa especializada. A pesquisa inclui a coleta de amostras de água para monitorar a qualidade ambiental antes e depois do abate, além da instalação de câmeras para observar a interação da fauna nativa com as carcaças deixadas no local.

Desafios e a resposta judicial

A pesquisa ocorre em paralelo a uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF), que exige medidas urgentes para o controle da população de búfalos. A Justiça reconheceu a gravidade da situação e determinou que o ICMBio e o Estado de Rondônia apresentem um plano técnico de controle e erradicação.

Além de buscar um plano eficaz, o MPF também requer que o Estado pague R$ 20 milhões por danos morais coletivos, a serem utilizados em ações de reflorestamento nas áreas afetadas.

O sucesso dessa pesquisa piloto poderá fornecer dados técnicos e científicos que auxiliarão na decisão final sobre como lidar com a população de búfalos na Amazônia, visando a preservação dos ecossistemas locais e a proteção das espécies ameaçadas.

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