Inadimplência das famílias atinge recorde histórico em agosto

O número de famílias brasileiras endividadas e inadimplentes voltou a crescer em agosto, alcançando o maior patamar da série histórica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), iniciada em 2010, a proporção de consumidores com contas atrasadas subiu de 30,0% em julho para 30,4% no mês passado.

Um ano antes, em agosto de 2024, o índice era de 28,8%.

Dívidas que não serão pagas

O levantamento também mostrou alta entre os que afirmam não ter condições de quitar débitos vencidos: 12,8% em agosto, ante 12,7% em julho. Em igual período de 2024, o percentual era de 12,1%.

Para a CNC, esse avanço revela que o nível de endividamento já começa a superar a capacidade de pagamento das famílias.

– Esse movimento ocorre em um cenário de crédito mais caro e prazos mais curtos. É um sinal de alerta para a economia doméstica – afirmou o presidente da entidade, José Roberto Tadros.

Endividamento segue em alta

A fatia de famílias com contas a vencer também aumentou, passando de 78,5% em julho para 78,8% em agosto — o sétimo mês seguido de crescimento. Trata-se do maior índice desde novembro de 2022. Em relação ao mesmo mês do ano passado (78,0%), a alta foi de 0,8 ponto percentual.

Entre as dívidas consideradas pela pesquisa estão cartão de crédito, cheque especial, carnês de lojas, crédito consignado, empréstimos pessoais, cheques pré-datados e financiamentos de veículos e imóveis.

Percepção e prazos

Apesar da alta no endividamento, caiu levemente a percepção de famílias que se declaram “muito endividadas”: de 15,5% em julho para 15,4% em agosto.

Outro dado é a continuidade da redução nos prazos dos contratos: o percentual de famílias com dívidas acima de um ano caiu de 31,5% em julho para 31,0% em agosto, menor nível desde fevereiro de 2024.

– O avanço contínuo da inadimplência reforça a importância da educação financeira e do uso consciente do crédito – destacou o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.

Ele projeta que, até o fim de 2025, o endividamento cresça 3,1 pontos percentuais, enquanto a inadimplência suba 1,6 ponto.

Cartão de crédito segue à frente

O cartão de crédito permanece como a principal forma de endividamento, citado por 84,5% das famílias. O percentual, no entanto, é menor que o registrado em agosto de 2024 (85,7%). Já os carnês ganharam espaço, passando de 15,6% para 16,6% no mesmo período.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *