Cláudio Lima, um feirante de 45 anos, vive o luto pela perda do filho Hércules Célio Lima, de 23 anos, em meio às consequências da megaoperação nas comunidades da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Após mais de 24 horas de busca angustiante, Cláudio recebeu um vídeo via WhatsApp que mostrava corpos no chão, onde reconheceu o rosto desfigurado de seu filho.
A confirmação da morte de Hércules ocorreu na manhã de quinta-feira, na região da Vacaria, local que se tornou um ponto de encontro macabro de corpos desde o início da Operação Contenção. “Mesmo do jeito que estava, é o tipo de coisa que você não erra. Era ele”, declarou Cláudio ao Globo, visivelmente emocionado, enquanto aguardava a liberação do corpo no Instituto Médico-Legal (IML).
Morador da Vila Cruzeiro, Cláudio relata ter tentado afastar o filho do caminho do crime ao longo dos anos. Ele convidou Hércules para trabalhar no sacolão da família, mas sem sucesso. Por volta dos 18 anos, o jovem se afastou da rotina familiar e se aproximou de grupos criminosos ligados à facção Comando Vermelho.
Durante cinco anos, Cláudio insistiu para que o filho mudasse de vida. “Eu sou feirante, o que eu tinha pra oferecer pra ele era isso. Ele não quis”, lamentou. “Já era um homem, maior de idade, e respondia pelas próprias escolhas. Não entendo o porquê desse caminho. Pai nenhum quer ver o filho seguir assim. Mas era meu filho, era eu e ele. Agora, faço o quê?”.
Embora Hércules morasse com a avó, pai e filho mantinham contato frequente. As polícias Civil e Militar informaram que a Operação Contenção resultou em 121 mortes, incluindo quatro policiais e 115 criminosos ligados ao tráfico, além de 113 prisões e 10 apreensões de adolescentes. As forças de segurança também apreenderam 118 armas, das quais 91 eram fuzis. O corpo de Hércules foi liberado para sepultamento no final da quinta-feira.
